Estudantes da Escola Sonhém de Cima na inauguração de laboratório com internet via satélite e energia solar
A pobreza é, sem dúvida, um dos problemas mais prementes que o Brasil enfrenta. Apesar de sua riqueza em recursos naturais e do crescimento econômico, o país ainda se depara com desafios significativos relacionados à desigualdade de renda e à distribuição de recursos.
De acordo com dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), houve uma redução de 10,47 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza no Brasil no último ano. No entanto, o número de brasileiros vivendo em situação de pobreza ainda é alarmante, ultrapassando os 70 milhões. Isso evidencia a necessidade contínua de políticas públicas eficazes, como programas sociais para mitigar esses impactos.
Diversos fatores contribuem para a persistência da pobreza no Brasil, incluindo a falta de acesso à educação de qualidade, limitações nos serviços de saúde, elevadas taxas de desemprego, bem como problemas relacionados a serviços financeiros, transporte e lazer.
Investir em educação é crucial para um desenvolvimento de longo prazo. Nações como o Japão, Coreia do Sul, Noruega e Bélgica têm direcionado investimentos substanciais em educação, transformando suas economias e, consequentemente, reduzindo os índices de pobreza. No Brasil, embora haja iniciativas para aprimorar as políticas públicas na educação, especialmente em áreas rurais e regiões desfavorecidas, ainda existe muito a ser feito para tornar essas ações verdadeiramente eficazes.
Uma dessas iniciativas é a expansão da conectividade à internet em escolas rurais por meio de banda larga. No entanto, o acesso à internet em locais remotos e de difícil alcance continua sendo um desafio. Projetos-piloto como o Educa.Coneta e Educa.Tech Learning, apoiados pela Universidade Católica de Brasília e a FAPDF, apresentam soluções inovadoras para superar esses problemas de conectividade. Eles levam a internet via satélite às escolas rurais, aproveitando fontes de energia limpa, como células fotovoltaicas. Essas são iniciativas promissoras que podem ser o ponto de partida para políticas públicas bem-sucedidas no Brasil, combatendo o analfabetismo digital e melhorando o desempenho educacional, oferecendo assim oportunidades futuras mais amplas para os alunos de áreas rurais.
A pobreza no Brasil é um problema complexo e multidimensional que exige abordagens abrangentes para ser enfrentado de maneira eficaz. Ainda persiste, e, por isso, o Governo Federal deve assumir a responsabilidade de estabelecer políticas públicas claras e sólidas como meio de mitigar esse problema social de maneira consistente e duradoura.
Artigo escrito por Carlos Enrique Carrasco Gutierrez, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UCB. Ele é doutor em Economia pela FGV e em Engenharia elétrica pela PUC-Rio.