Brasília, 17 de janeiro de 2024
Texto produzido pelo doutorando Charles Correa
Um estudo publicado na renomada revista científica The Journal of the Economics of Ageing (classificada como A1 no Qualis-Capes) revela como as mudanças demográficas no Brasil estão transformando a dinâmica de financiamento do consumo de crianças e idosos. O artigo é resultado da pesquisa desenvolvida por Charles Correa, doutorando em Economia na Universidade Católica de Brasília (UCB), sob orientação do professor Carlos Enrique Carrasco Gutierrez e coorientação do professor Cassio Turra, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Resumo do trabalho:
O impacto das mudanças demográficas
As transformações no tamanho e na estrutura etária da população brasileira estão alterando profundamente as relações econômicas entre gerações. O estudo destaca que a população em idade ativa – formada por indivíduos com maior capacidade de gerar renda – desempenha um papel fundamental no financiamento do consumo de crianças e idosos, que possuem pouca ou nenhuma renda do trabalho. Esse financiamento ocorre de duas formas principais: diretamente, por meio das despesas das famílias, como educação, e indiretamente, através da arrecadação de impostos utilizados pelo governo para custear despesas sociais. “No Brasil, as famílias são as principais responsáveis pelo financiamento do consumo de crianças, enquanto o governo tem um papel preponderante no consumo dos idosos, principalmente por meio de aposentadorias e benefícios sociais”, explica Charles Correa, um dos autores do estudo.
O fim do bônus demográfico e seus desafios
Até recentemente, o Brasil viveu o chamado bônus demográfico – um período em que o crescimento da população em idade ativa impulsionou a arrecadação de impostos e o desenvolvimento econômico. Contudo, com o aumento da proporção de idosos, essa janela de oportunidade se fechou, trazendo desafios para a sustentabilidade das políticas públicas. A transição demográfica, marcada pela redução das taxas de mortalidade e fecundidade, está levando o país a um cenário de envelhecimento populacional acelerado. “No futuro, o aumento das despesas com previdência e saúde exigirá um debate cada vez mais aprofundado sobre o orçamento público”, explica o professor Carlos Carrasco-Gutierrez.
Educação como chave para o futuro
Em resposta a esses desafios, o estudo enfatiza a importância de investimentos em educação. Com uma menor proporção de crianças no futuro, haverá maior oportunidade para ampliar os investimentos por estudante. Qualificar as novas gerações será essencial para garantir que ingressem no mercado de trabalho mais produtivas, assegurando a sustentabilidade da economia geracional. Essa pesquisa reforça o papel estratégico da
educação na construção de uma sociedade economicamente sustentável, especialmente em um cenário de transição demográfica. A iniciativa reafirma o compromisso da UCB em contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que promovam o bem-estar das futuras gerações.
Para uma leitura completa da pesquisa, acesse: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2212828X25000015?dgcid=author